quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Gostei do Hugo Cabret!!!


Fui ver o filme. É muuuuito bom, gente. É claro que para mim tem um sabor todo especial: os relógios da estação de tem e seus lindos mecanismos prá lá de fotogênicos (que Direção de Arte!).

A mecânica, por sinal, tem uma presença importante na trama. Além do show de relógios, há o fascinante autômato que desenha (e dá pistas). Mas são as emoções dos personagens que vão, aos poucos, fazendo as "peças" se encaixarem, como um relojinho, trazendo das cinzas do esquecimento o maravilhoso universo de Georges Méliès.

Mágico (literalmente), inventivo, divertido, Méliès fazia, na pré-história do cinema, o que ele tem de melhor: a fantasia  e a ímaginação se tornarem "realidade".

O mestre Scorcese nos trás um de seus melhores filmes, incorporando o espírito de Méliès, na maneira fantástica, visualmente atrevida e, sobretudo, sensível de, ao mesmo tempo, contar uma bela história e fazer uma justa homenagem.  

Recomêiindo!!!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Será que meu neto é um X-Man?


A dúvida surgiu quando vi o Lucas pegando pela primeira vez num iPhone, meses atrás. Sem qualquer instrução (apenas observava o irmão mais velho, Daniel, jogando), em poucas instantes já estava dominando o que lhe interessava. Do alto dos seus dois anos incompletos, dedinho pra cá, dedinho prá lá, via e revia os desenhos animados arquivados no aparelho.

É claro que Lucas não é um menino prodígio. Tenho visto a mesma cena se repetindo, com muitas outras crianças conhecidas nossas, algumas até mais novas. Como se explica? Será que isto tem a ver com algum processo de mutação genética que está ocorrendo rapidamente?

Leio então uma entrevista com o neurocirurgião Paulo Niemeyer que explica: “O cérebro vai se adaptando aos estímulos que recebe, e às necessidades. Você vê pais reclamando que os filhos não saem da internet, mas eles têm de fazer isso porque o cérebro hoje vai funcionar nessa rapidez. Ele tem de entrar nesse clique, porque senão vai ficar para trás. Isso faz parte do mundo em que a gente vive e o cérebro vai correndo atrás, se adaptando”.

Ou seja, há mutações genéticas, sim e a isto se soma a incrível capacidade de nosso cérebro de se adaptar. Mas confesso que fico levemente preocupado, me perguntando até que ponto vai esta aceleração. Quais são os limites? Quais são os efeitos colaterais?

Por via das dúvidas, compro um pião de lata, daqueles coloridos que, ao girar, fazem um zumbido, para dar de presente aos meninos. Competição desigual, essa, com o sedutor mundo digital, mas não custa tentar um pequeno antídoto.  

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ORAÇÃO AO TEMPO (Bethania interpretando Caetano)


És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

Clique no link para ver o ouvir a definitiva interpretação de Maria Bethania http://www.youtube.com/watch?v=O2P1khIyTX8&feature=related

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

DE QUANTO EM QUANTO TEMPO VOCÊ É INTERROMPIDO?


No ambiente típico de escritórios de empresa nós somos interrompidos , em média,  a cada 8 minutos, ou aproximadamente 6-7 vezes por hora. São cerca de 50-60 interrupções durante o dia. Aí está tudo incluido: pessoalmente ou por algum aparato de comunicação.

É o que constatou pesquisa feita pela empresa Cube Smart,Inc com base nos estudos do pesquisador finlades Franck Tétard.

A pesquisa mostra ainda que cada interrupção leva, em média, aproximadamente 5 minutos. Ou seja, se você estiver mesmo sendo interrompido 50 vezes por dia, as interrupções estarão ocupando 250 minutos, pouco mais de quatro horas , ou cerca de 50% da jornada de trabalho.

 É claro que nem toda interrupção é negativa e o estudo procurou medir isto também. Os participantes atribuiam uma avaliação para cada uma das suas interrupções: "A" = Crucial, "B" = Importante; "C" = pouco valor, e "D" = sem valor. Apenas 20% das interrupções foram julgadas como "A" ou "B", o que significa que dos 250 minutos de interrupções no dia, 80% teriam pouco ou neunhum valor: 3 horas e 20 minutos, muito possivelmente jogados no lixo.

A pesquisa mostrou outro dado igualmente preocupante: em 39% das situações, levou-se entre 5 e 15 minutos, após o final da interrupção, para se retomar o ponto em que as pessoas estavam antes de serem interrompidas.

É claro que a pesquisa foi feita nos Estados Unidos e nossos dados podem ser diferentes (se bem que meu temor é que, por aqui, o quadro seja ainda pior). Portanto, por via das dúvidas, tenha MUITO cuidado com o que vai responder quando lhe perguntarem: tem um minutinho aí?

sábado, 7 de janeiro de 2012

A incrível capital mundial dos relógios de cuco


Passava das nove da noite quando chegamos a Triberg. As ruas estavam desertas e o ventinho, incômodo. Na porta do hotel onde planejávamos nos hospedar, uma placa dava a má notícia: fechado para férias. Do outro lado da rua, um pequeno hotel tinha luzes em algumas janelas. Lá fomos. No interfone, dissemos a palavra chave, uma das poucas do nosso precário repertório alemão: zimmer! (quarto).

Funcionou. O trinco se abriu e nos permitiu entrar no acolhedor saguão, onde logo, logo, surgiu uma autêntica fraulein, com as bochechas rosadas que lembravam a Marianne do filme Bagdá Café. Simpaticíssima, nos acomodou num amplo apartamento, tendo o cuidado, antes de sair, de fechar as modernas persianas elétricas de metal, que contrastavam com o décor anos 50. No dia seguinte, ao acionarmos a cortina, nossos olhos foram sendo invadidos, lentamente, pela exuberância da Floresta Negra, à medida em que se descortinava a visão através da grande janela. Foi emocionante.

Sim, Triberg fica dentro da Floresta Negra, nas montanhas vizinhas à cidade de Freiburg. Triberg é considerada a capital mundial dos relógios de cuco. Importante atividade econômica da cidade, é também uma das atrações turísticas principais.

Os corpos dos relógios são fabricados em madeira local, numa região da Alemanha em que a floresta é tudo e, portanto, seu manejo é meticulosamente conduzido. Mais do que isso: a região é precursora de ações ambientais importantes. Freiburg, por exemplo, é considerada a cidade mais verde do mundo e tem na energia solar um de seus carros chefes - tanto porque se especializou nessa indústria, como porque é grande usuária desse tipo de energia.

Apesar de serem produzidos em série, os relógios de Triberg são feitos à mão e seus artesão são respeitados e valorizados, geração após geração. As fabricantes são de porte pequeno ou médio e concorrem entre si de maneira profissional e respeitosa.

Todos esses fatores somados resultam numa feliz coincidência. O tempo, sublinhado de maneira quase teatral, de hora em hora, pelos cucos, e os ingredientes da sustentabilidade empresarial caminham de mãos dadas em Triberg.

Tudo somado, a cidade é inspiração e também resposta à pergunta que muitos nos fazemos:

Se o planeta está saturado e as questões sociais só fazem se acentuar, o que as empresas têm a ver com isso, afinal?

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Saúde, Dinheiro, Amor e...Tempo!


As tradicionais listas de desejos não parecem ter sido muito diferentes nesta passagem para o ano de 2012. Estes quatro ingredientes aí do título continuam dando muito “ibope”, nas suas diferentes traduções e manifestações.

O tempo virou um luxo. Não há tecnologia que resolva isso. Muito pelo contrário: os smartphones, os tablets, os computadores e as bandas largas parecem estar é botando mais lenha na fogueira de nossas vidas cada vez mais cheias de demandas.

E aí fazemos o que? Como escapar da aceleração das agendas e da saturação de informações?

O conceito de Tempo Orgânico traz alguns elementos interessantes para esta conversa: a importância de se levar em conta, para o planejamento e para o exercício de nossas atividades, as três relações que estamos constantemente mantendo:

A relação de cada um consigo mesmo
Por mais que nos lamentemos do que nos é imposto pelo sistema em que vivemos, ainda são relevantes as fatias de tempo que estão sob nosso inteiro controle. Muitas vezes nós somos nossos próprios sabotadores, em nome do perfeccionismo, do nosso ego e da dificuldade de dizer não.

A relação com os outros
A interdependência entre todos nós é cada vez maior. E só conseguirmos ser mais eficazes na medida em que a cooperação, o compartilhamento de idéias e os processos coletivos de criação forem resgatados e valorizados. Aprender a ouvir é uma das maiores habilidades a se desenvolver.

A relação com o ambiente que nos cerca 
Tudo que fazemos com o nosso tempo tem um impacto, não apenas sobre nós mesmos, mas especialmente sobre outros seres e sobre os ecosistemas as quais estamos direta ou indiretamente conectados. Por mais que continue sendo maltratada, a natureza – com seus ciclos e ritmos- continua a ser fonte de inspiração e de ensinamentos essenciais para que possamos, a um só tempo, viver melhor e encontrarmos respostas para estes impactos.

Este início de novo ano é um bem momento para revermos com carinho as relações que queremos cultivar  e ver florescer ao longo do nosso caminho.  

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A infinita beleza do Rio visto do alto






Estas linda imagens do Cristo Redentor “flutuando” sobre as nuvens foram capturada em 30/11/211 pelo fotógrafo amador Marcos Estrella, Supervisor de Operações de uma estação transmissora de TV no alto do Sumaré.



Mandei as fotos para meu amigo Carlos Machado, médico cardiologista e artista plástico hiper-realista, que mora em Austin-Texas. Ele retornou com estes dois relatos maravilhosos. Com a palavra, Carlos:

"Me arrepiei, Álvaro! Lembrei de coisas que já vi no Parque Nacional da Floresta da Tijuca, lindas como essa!

Primeira: Numa noite fria e estrelada de junho, olhando do Pico do Papagaio para a direção da baixada de Jacarepaguá completamente coberta por nuvens, ouvíamos (eu e dois amigos) os estampidos de fogos de artifícios. Pouco abaixo de nós, bem próximo à rocha do pico, vimos algo como uma imensa medusa fluorescente emergindo das nuvens, circundada de lampejos multicoloridos num efeito digno de “um” Jornada nas Estrelas! A medusa gigante, com seu bojo enorme, era um imenso balão, e os lampejos coloridos que se espalhavam por dentro das nuvens como raios globulares e fogos-de-Satelmo, eram, obviamente, os fogos-de-artifício soltados por ele! Perigosamente lindo!

Segunda: Num início de uma tarde maravilhosa, eu e um amigo chegamos ao topo da Pedra da Gávea, enquanto uma tempestade se organizava em volta daquele pico. Com medo de terem de pernoitar na Pedra, os excursionistas que estavam lá, desceram correndo. Como escalamos para passarmos a noite na caverna da “orelha”, eu e meu amigo Ronan pudemos presenciar uma impressionante tempestade de verão que ocorreu no fim daquela tarde. Passados a chuvarada, os raios, e as nuvens que cobriram o pico, e com o cheiro delicioso da mata molhada, voltamos para o topo da pedra para apreciarmos a vista. A lua cheia nascia, e ao longe, em alto mar, as nuvens formavam uma muralha laranja incandescente, que lembrava as formações rochosas de Sedona. O sol se pondo, coloriu intensamente as nuvens acima de nós, que restaram da tempestade, como se fosse a aurora boreal nos trópicos. E para fechar com chave de ouro aquela noite, um transatlântico (Queen Elizabeth?) partia da Baía de Guanabara com o(s) convés(es), mastros e escotilhas todos iluminados. A gigantesca gambiarra flutuante levou quase toda a noite para, pouco antes do amanhecer, fundir-se com o arco do horizonte, assistida pela enorme lua!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Bamboo e a tartaruga

 A natureza sempre tem o que nos ensinar sobre o tempo.


É bem conhecida a flexibilidade do bamboo, que sabe se vergar com o vento e por isso não quebra, mesmo durante as tempestades mais severas. Mas ele tem outras facetas interessantes. Alguns tipos de bamboo podem, por exemplo, crescer até 5 centímetros em apenas uma hora. Este crescimento acelerado não impede que o bamboo tenha uma extraordinária força como material. Tem um limite de resistência à tração maior do que alguns tipos de aço. Em 1945 foi a forma de vida mais próxima do ponto zero da bomba de Hiroshima que sobreviveu à explosão: foi a primeira a reviver na terra arrasada. Mostrando que, mesmo quando parece não existir esperança, nem vida, algo pode surgir com uma grande força.


 E as tartarugas? Movem-se com lentidão, e podem passar sem comida e água por longos períodos. Estão entre os campeões de longevidade. Tui Malila, uma tartaruga natural de Madagasgar, viveu por mais 188 anos. Há fotos suas com a Rainha Elisabeth e o Principe Philip. Lembrando Confúcio : não importa o quão devagar você vá, desde que você não pare e siga sempre em frente.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O tempo que a beleza nos toma

Não tem jeito. Nesse mundinho apressado, estressado e poluído, a gente não pode deixar de se cuidar. Com um agravante: ninguém quer parecer que está envelhecendo. Por dentro e por fora. O problema é que cuidar da nossa saúde e da nossa aparência exige atenção e, principalmente, tempo.


Investimos em tênis, uniformes, academias, exercícios, estúdios de pilates e de ioga, apostando na silhueta e no bem estar. E quem não está matriculado, está por fazê-lo “amanhã”, meio “em culpa”. Quantas horas por semana, mesmo? No caso das mulheres – e do crescente contingente de metrosexuais - o tempo para esses cuidados se amplia. Há desde os salões de cabeleireiros, dermatologistas e centros de estética até o dia-a- dia no chuveiro e nos intermináveis “retoques” em frente ao espelho. Quantos minutos por dia, mesmo?

A cada dia, um novo produto “milagroso” tem surgido para tentar corrigir ou mascarar as mínimas imperfeições, para valorizar os menores detalhes, para retardar os inevitáveis processos de desgastes. Mas nem tudo que “reluz é ouro” e muitas das promessas não se cumprem. E o que é pior, muitas das substâncias químicas que compõem essas fórmulas mágicas são nocivas á nossa saúde, especialmente quando se acumulam em nossos organismos.

Produtos orgânicos e naturais têm surgido como resposta a estes dilemas, se apresentando como escolhas que permitem atender aos dois lados da questão –beleza e saúde - quase sempre tomando partido da riqueza da biodiversidade do Brasil. Parece fazer sentido adotá-los, simplificando nossas decisões e deixando de desperdiçar tempo com as eventuais conseqüências de escolhas erradas.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Consumir consome tempo. Já pensou nisso?


Nem sempre nos damos conta disso, mas consumir pode representar uma parcela relevante do nosso já minguado tempo.

Há o tempo para ir e vir à loja, shopping ou supermercado (se não for compra on line); os tempos de escolha (que podem ser longos, se o item a comprar for caro ou complexo); os tempos nas filas para pagar; o tempo para reclamar (nem sempre as coisas saem como a gente espera); o tempo para aprender a usar (se houver nova tecnologia, como um novo smartphone, pode levá-lo(a) á “loucura); o tempo para manutenção e limpeza; o tempo para o descarte, quando não queremos mais “a coisa” (alguns objetos têm o descarte correto difícil, às vezes até problemático; mesmo uma doação acaba levando tempo).

Isto sem falar que muitos objetos que fizemos entrar em nossas vidas acabam esquecidos: livros que não foram lidos até o fim, CDs ouvidos apenas um par de vezes, fotos e gravações em vídeo que jamais foram repassadas, eletrodomésticos que passaram a não fazer sentido quando chegaram em casa; roupas e sapatos comprados na liquidação porque estavam “muito baratos” que ficaram esquecidos em algum canto do armário. Ou seja, gastamos “horas” para literalmente nada.

Fonte da foto: http://sacoladamoda.blogspot.com/2011/04/dicas-sites-para-comprar-pela-internet.html

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Corrupção rouba também...nosso tempo!

A corrupção assumiu um caráter endêmico, cultural, insidioso e corrosivo. Está infiltrada em muitos segmentos da sociedade, especialmente na interface com o poder público, embora esteja também presente em muitos ambientes estritamente empresariais. Tem horas que dá desânimo combatê-la. Mas a gente não pode esmorecer, mesmo sabendo que a luta ficou difícil, muito difícil. Vou trazer aqui um argumento a mais para reagirmos.

A gente fica sempre se perguntando como estaria a riqueza do país se todo o dinheiro da corrupção, das propinas, dos superfaturamentos, fosse usado como bem público.

Mas há um outro tipo de recurso de que nem sempre nos lembramos e que vai para o ralo diariamente: o tempo. O tempo das pessoas envolvidas nos processos gerados para dar uma “fachada” de seriedade a negócios escusos.

Vou dar um exemplo. Muitas vezes a corrupção opera com as cartas marcadas “abertamente”. Ou seja, a empresa – ou pessoa - favorecida está claramente identificada e processos licitatórios, neste caso, são apenas rituais em que todos os envolvidos encenam um simulacro de procedimento, um teatrinho para “cumprir tabela”. Mesmo assim, muita gente é envolvida nesta farsa. As propostas técnicas e comerciais que são desenvolvidas são fadadas à figuração, desde sua origem, mas envolvem equipes quase sempre competentes, usando horas e horas de seu tempo - e de sua qualificação e experiência - para que tudo aquilo vá para o lixo. Quanto mais complexo o projeto (e mais recursos sendo “disputados” como nas grandes obras, serviços de comunicação, grandes fornecimentos, etc), mais horas no lixo. Um desperdício de dar dó.

Outra situação igualmente grave: o processo não tem um dono, à priori (ou a tal "governabilidade" ainda não o loteou). Há de fato uma disputa, nos bastidores, mas entre políticos – e partidos - das mais diferentes laias e matizes, para ver quem tem maior poder de barganha junto às “instancias superiores”, de modo que seu “protegido” consiga vencer. Ou seja, nada do que está sendo gerado com afinco, nas propostas e projetos, terá a menor relevância. Com um agravante: a qualidade do que é apresentado pelas partes conferirá uma certa aura de respeitabilidade aos malfeitos de “loteamento” ou de disputa de forças políticas (e eventualmente aumentará a tarifa dos “flanelinhas” que virão cobrar a sua parte - em espécie).

Já imaginou se, a exemplo do dinheiro desviado, todas essas horas fossem de fato produtivas, gerassem riqueza, agregassem algum valor ao PIB ou ao FIB (Felicidade Interna Bruta)?

Portanto, não se omita, denuncie, grite, aponte, vaie, poste nas redes, replique, ensine: e não seja conivente.