quinta-feira, 7 de junho de 2012

CACHOEIRA SABE USAR BEM O SEU TEMPO?


Ontem, um amigo aqui do blog me provocou com a pergunta que dá titulo a esta postagem.

Confessei a ele que este tipo de dúvida já havia me assaltado (!) antes. Carlinhos Cachoeira não é  o primeiro “gênio do mal” no Brasil que surpreende a todos nós com sua “produtividade”, sua enorme capacidade empreendedora e de realização de malfeitos. Há pouco mais de vinte anos, tive uma reação semelhante ao saber da extensão da rede de contatos e iniciativas criminosas do P.C. Farias nos bastidores do governo Collor.

A grande diferença entre os dois casos talvez seja a tecnologia. A equipe-bando do Cachoeira – e ele, pessoalmente – usa e abusa das ferramentas de comunicação e da tecnologia da informação para planejar e executar um “eficiente” esquema de delitos. Por outro lado, felizmente, também a tecnologia tem entrado em cena para registrar e documentar os detalhes e os envolvidos em muitos desses delitos. Os meios de comunicação diariamente nos tem revelado os tristes meandros dessas "operações".

Mas, respondendo à pergunta do amigo, uma coisa parece clara. Sob a ótica da administração do tempo tradicional, tanto os “P.C. Farias” quanto os “Cachoeiras” são pessoas que otimizam, sim, o uso do seu tempo e são capazes de lidar com muitas variáveis, situações e pessoas, buscando sempre “soluções” inovadoras para as demandas que lhe são colocadas por seus “parceiros de negócios”.

Dentro da ótica do Tempo Orgânico, entretanto, a resposta é muito diferente. Nele, a questão ética é básica, na integração das relações que a pessoa estabelece consigo mesmo, com os outros e com o ambiente que o cerca. O que estes criminosos fazem, no fundo, apesar da aparente eficiência das práticas, não tem qualquer objetivo ou consistência, além da ambição e da cobiça, não importam os meios. Não partem do reconhecimento de qualquer valor, as relações com os outros são pautadas apenas nos interesses pontuais e circunstanciais e as relações com a sociedade e o meio ambiente são simplesmente predadoras.

Se não bastasse isso, mais do que simples contraventores e criminosos, têm conspirado contra o uso do meu tempo, do seu tempo (como cidadãos que se interessam pela justiça) e do tempo das pessoas e instituições que têm se mobilizado e continuam se mobilizando para tentar (com)provar – ou cinicamente lutar para desmentir as evidências - esta rede de crimes que parece não ter fim.

Foto: www.worth1000.com

Um comentário:

  1. Além do mais, são ladrões também do tempo dos outros. Boa! (Carino)

    ResponderExcluir