Tem muita gente que diz que sim. Uns, até com certa convicção, confessando que nem conseguem trabalhar de outro jeito: têm que sentir uma “cafungada forte no cangote” para conseguir fazer as coisas.
O pessoal que faz trabalho eminentemente criativo tem uma explicação para o fato de gostarem de ter prazos razoáveis para realizar certos tipos de tarefas (que implicam na combinação de conceito e execução, por exemplo), ainda que só se debrucem sobre elas nos últimos momentos. A cenógrafa Lia Renha comentou, certa vez: “A criatividade não tem um tempo cronológico, não tem um tempo definido”. Miguel Paiva, cartunista e artista muiti-midia, acrescenta: “Mesmo que você só trabalhe no último dia, é importante o intervalo para ir se familiarizando com a idéia, ir criando”. E Lia arremata: “Em dez minutos fiz o desenho. A idéia estava ruminando na minha cabeça há dias. Já estava pronta e eu nem sabia até sentar e desenhá-la.“
Mas será que isto se aplica a qualquer situação, seja profissional, seja doméstica, seja pessoal?
Eu, pessoalmente, acho que isto não faz o menor sentido. Em geral, as pessoas que gostam de trabalhar sob pressão não tem seus grandes objetivos bem definidos e acabam sendo pautadas pelos objetivos dos outros. Em muitos casos, empurram com a barriga até a situação se complicar e virar uma crise, até a temperatura subir e virar incêndio. Assim, tudo vira urgente, urgentiíssimo, e ele(a) apareça como o bombeiro chefe, salvador(a) da pátria, “o(a) cara”, o(a) que resolve esses grandes pepinos fabricados por ele(a) mesmo(a), mesmo que isso custe, em geral, muito mais tempo – e energia - para a tarefa ser feita.
Nestes casos, o que fica é o stress, a improdutividade, o desgaste; e a sensação de falta de tempo, sempre uma desculpa e, principalmente, um ótimo bordão.
Fonte da Ilustração: http://bombeiroswaldo.blogspot.com/2011/05/progressao-do-incendio-e-dispersao-do.html
Concordo com você, Alvaro! Trabalhos realizados em última hora sob pressão pode ser uma prática que funciona para muitos, mas com certeza poucos desses produtos finais refletem objetivos e visões dos próprios empregados na sua realização apressada!
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