Todo mundo está aí falando de meio ambiente, de recursos naturais não-renováveis e dessas outras pequenas e grandes questões que tem inquietado a humanidade ultimamente. Mas praticamente ninguém faz menção ao único recurso não renovável, não reciclável e não estocável do planeta. Um recurso que vem se tornando escasso para a grande maioria das pessoas, nesse mundo acelerado e em permanente transformação. Servan-Schreiber* foi um dos poucos que vi tratando disso: “Esse grito de alerta em favor da natureza, lançado pelos ecologistas (cuja batalha, aliás, ainda está longe da vitória), deveria repercutir em cada um de nós, no que diz respeito ao nosso próprio tempo.”
Mas não. A vida moderna continua sua marcha irrefletida e torna o tempo um recurso cada vez mais crítico, medido em frações de segundo. Quase todos têm procurado acelerar suas vidas, como se isso fosse possível de ser feito indefinidamente.
Não faltam razões para que o tempo mereça, também, os mesmo cuidados que temos com tantos outros recursos naturais ameaçados. O respeito por um bem escasso como o nosso tempo - e a nossa vida - e cuidado com o tempo e a vida dos outros são atitudes de essência muito semelhante ao respeito que devemos à natureza.
Este respeito começa pelo respeito ao nosso próprio tempo, é claro. Mas passa também pelas “infinita” rede de interações com outras pessoas, em que somos ora vítimas, ora vilões de atitudes desrespeitosas e anti-ecológicas com relação ao tempo.
Salve o Planeta e viva (bem) o seu tempo!
* Jean-Louis Sevan-Schreiber em "A Arte do Tempo"