Uma leitora amiga do blog fez, esta semana, o seguinte comentário:
"Sempre reclamamos da falta de tempo... mas quando temos filhos descobrimos que o que tínhamos antes era tempo livre mal administrado".
Ela levanta uma questão de fato muito interessante. Ninguém tem dúvida das radicais mudanças que ocorrem com a chegada de um filho, especialmente o primeiro. As prioridades convergem para o recém chegado(a) e o tempo da família passa a ser regulado por isso, durante um bom período.
Mas qual é o aprendizado que fica, sob a perspectiva da gestão do tempo, a partir daí?
É admirável a capacidade das mães – e, agora, crescentemente dos pais – de lidar com as novas variáveis que surgem com a ampliação da família, sem deixar o trabalho (e/ou outras atividades) de lado, principalmente nos primeiros anos. Seu esforço não é pequeno, por exemplo, ao telefone (e aos celulares), nas mínimas brechas de outras atividades, “tele-pilotando” babás, creches ou avós, dando orientação, pacificando crises e curtindo as boas notícias ao longo do dia.
Será que isso é apenas uma maneira resignada de aceitar que não tem mesmo tempo para muita coisa “sua” além dos filhos e do trabalho? (afinal, os anjinhos valem a pena, mesmo).
Ou será que, como sugere a leitora, a chegada dos filhos nos obriga – e nos ensina - a administrar o nosso tempo com muito mais sabedoria e técnica?
Ou será que, como sugere a leitora, a chegada dos filhos nos obriga – e nos ensina - a administrar o nosso tempo com muito mais sabedoria e técnica?
Este é o tema de “Tempo Orgânico Pesquisa” desta semana, publicada no canto superior direito deste blog.
Participe!!!
Alvaro, que legal poder contribuir com seu blog!
ResponderExcluirA frase na verdade foi dita por uma amiga. Privilegiadíssima, diga-se de passagem: nem tem filhos e já tem isso em mente. Não sei se está colocando em prática... rs
Para mim, essa equação filhos+tempo, envolve outros fatores. O principal deles é a culpa, que sempre nos persegue a partir do momento em que engravidamos: quando grávidas, sempre achamos que poderíamos pegar mais leve no trabalho, comer coisas mais saudáveis... tudo para que o bebê já tenha mais qualidade de vida mesmo antes de nascer.
Quando eles nascem e voltamos ao trabalho, tem sempre a sensação de estar se doando pouco. Eu convivo com isso constantemente: aos finais de semana muitas vezes tenho com quem deixa-lo, mas me cobro estar presente 100% do tempo para compensar a distância dos dias úteis. E aí começo a ser multi tarefa mesmo. Faço a lista do que ainda tenho que fazer enquanto brinco com os dinossauros, arrumo o armário enquanto meu Pequeno “me ajuda” tirando todas as roupas e jogando tudo no chão, ou tento ler alguma coisa ele finalmente dorme... Terminar um livro hoje em dia é tarefa difícil.
Mas tudo vale muuuuuuuuuuito a pena no momento em que encontramos alguém no elevador, ele abre aquele sorriso e diz “Minha mamãe”, como se estivesse me apresentando a um desconhecido.
Um beijo,
Keila
Oi Tio, é um prazer participar do seu blog.
ResponderExcluirDesde que cheguei em SP (lá se vão 12 anos), percebi que a banda que tocava aqui era mais agitada do que estava acostumada no Rio. Ritmo de trabalho frenético e claro, tive que me adaptar ao sr. Tempo.
Em 2001 casei, em 2004 engravidei. Planejei cada detalhe: mudei para a rua em frente à agência que eu trabalhava.Assim poderia amamentar na hora do almoço e não perderia tempo no trânsito ( isso em SP é primordial). Tudo era perfeito.
E funcionou muito bem até o Enzo completar 3 anos e meio e o pai dele ir embora de casa.... Jamais planejei criar um filho sozinha. Meu mundo parecia desabar: a dor da separação, o medo de criar um filho sem ter alguém pra dividir as responsabilidades, a culpa de não ter tido tempo para me dedicar ao casamento, o trabalho que não podia parar só porque a vida me pregou uma peça...
O ser humano é muito adaptável e não fujo à regra. Precisava sobreviver e assim “restartei” o GPS da nossa vida e juntos, eu e o Enzo, descobrimos atalhos para fazer o dia ter mais que 30 horas. E conseguimos!
Hoje, estou casada novamente, tenho uma empresa com o meu marido, continuo como atendimento na agência onde comecei há 12 atrás (o que me faz trabalhar não mais 12 mas 15, 16 horas por dia). Além do Enzo, temos um gato, uma cachorrinha de 39 dias, 23 peixes e ainda queremos, se der tempo, tentar uma menininha.
Posso dizer seguramente que o Enzo foi o meu norte, meu porto seguro. Minha vida com ele pode ser uma gincana louca, mas não imagino de outra forma.
Aprendi ai viver um dia de cada vez, apenas pensando no AGORA. Sugando o máximo da vida, bem devagarzinho para saborear o que ela tem de melhor. Beijo grande e saudades!!! Dea
Oi Alvaro,
ResponderExcluirDepois dos filhos (2), aprendi que questão de ter ou não tempo precisa ser reavaliada a todo momento. Eu continuo trabalhando, pedalo 4 x na semana por 2h e por último consegui realizar um curso online. É lógico que existem as compras na hora do almoço e vc tem a sensação que vai passar do horário, o médico que só pode no dia da reunião importante, aí eu escalo um familiar para acompanhamento. O marido que também não pode ser esquecido. Estou em constante ensaio para o melhor aproveitamento da vida nesse momento, até que me passe um furacão e eu precise mudar toda a rotina. No fim nem nos lembramos o quanto foi o tempo que passamos tentando organizar esse tempo.
O filho e depois o neto, te transportam para um túnel do tempo, e sem eles talvez eu não tivesse a oportunidade de reviver sensações que foram tão importantes na vida. Lembrar quem te ensinou a ver hora no relógio de ponteiro, a amarrar o cadarço do tênis, a saber o que é 1 dúzia, a entender os dias da semana, a brincar com o irmão e ter aquele sentimento de proteção pelo irmão mais novo. E com essas experiências eu me surpreendo e sei a quem eu realmente devo dedicar o meu tempo.
Belos depoimentos da Keila, da Andrea e da Fabiana. Falam desses exercícios de "malabarismo com o tempo" que se multiplicam com a chegada e a presença dos filhos. Obrigado, meninas. A entrevista da Veja (páginas amarelas) desta semana traz uma (no mínimo) polêmica visão da filósofa francesa Elisabeth Badinter, questionando a busca da perfeição pelas mães "contemporâneas.
ResponderExcluirNo fundo, o que está em questão são as escolhas que são feitas, o que resulta dessas escolhas e como nos sentimos com relação a elas. É o que vai construindo nossas histórias.