Mas será que num mundo cada vez mais interdependente, esta representação continua sendo suficiente?
Todos nós temos diferentes papéis na vida. Somos chefes, subordinados, profissionais, pais, filhos, esposos, namorados, fiéis, torcedores, vizinhos, colegas, afiliados, etc. Nós não somos divisíveis e estes papéis se entrelaçam, acontecem simultaneamente e nos demandam tempo.
A interdependência cresce no contato que mantemos com os outros, em cada um desses nossos papéis. “Para a maioria de nós, a maior parte do tempo é usado na comunicação ou interação com outras pessoas” e o número dessas interações só faz aumentar.
Quanto mais oportunidades de contato, reais e virtuais, no trabalho, em casa, e nos círculos de amizades, mais nos defrontamos com a diversidade de ideias, de experiências de vida, de etnias, de origens geográficas, de classes sociais. É um mosaico que torna tudo mais complexo. Não podemos desconsiderar a importância do outro, em nossas vidas.
Como seria então uma distribuição orgânica do nosso tempo interdependente, uma nova versão da “pizza do tempo ” acima? Uma “pizza” que deixa de lado o egoísmo e nos motiva a conjugar melhor o verbo compartilhar, como resumido na figura abaixo:
Tempo de compartilhar força criativa e energia
É uma nova maneira de se encarar nossas atividades produtivas, nosso trabalho, com foco na inovação, no coletivo, na integração, na confiança mútua.
Tempo de compartilhar emoções
É a hora do amor, do prazer, do lúdico, da troca, da música, do afeto, da alegria, dos relacionamentos de verdade. É o contato com a família, amigos, diversão, auto expressão, redes sociais. É a volta à infância, ainda que por poucos instantes.
Tempo de compartilhar conhecimentos e valores
Se a característica mais importante do profissional – e eu me atreveria a dizer, dos seres humanos - nestes novos tempos, é sua capacidade de aprender, o tempo dedicado a compartilhar conhecimentos se reveste de particular importância.
Tempo de se cuidar
Aqui, a lista é ampla. Inclui os cuidados com o corpo e com a saúde, que não deixam de ser um pré-requisito para um bom desempenho em todas as demais facetas do nosso cotidiano; os cuidados com o nosso bem estar- o que comemos, o nosso conforto, as indulgências que proporcionamos a nós mesmos para nos sentirmos melhor); os cuidados com a mente/espírito – a conexão com o sagrado, a reflexão, a meditação, a transcendência. Muitas dessas atividades podem ser feitas compartilhando experiências com outras pessoas. Por que não?
Sendo uma perspectiva orgânica, estes tempos se interpenetram constantemente, nos conduzindo a um olhar diverso do habitual, em que a premissa é que estamos todos de fato interconectados, como nos ensina a física moderna. Não se trata de uma negação da nossa individualidade mas, sim, um olhar novo, mais generoso, que pode ser estimulante e criativo, nesta nova realidade de um mundo interconectado e interdependente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário