O Carnaval é uma espécie de túnel do tempo. Ele possibilita que "representantes" de épocas completamente distintas se encontrem, se reúnam, dancem, cantem e bebam juntos e até se amem. A maioria vem do passado, como gregos, fadas, piratas, princesas, gladiadores, ciganas, vampiros, egípcios, anjos, índios ou presidiários. Um ou outro chega mais de mais perto, dos anos 60 ou 70, hippies retrôs, Marilyns, Rauls (ou Elvis). Alguns vêm do futuro, super-heróis ou personagens de filmes.
Na maioria dos casos, nem sempre fica claro de onde o ou a “viajante” está chegando, com poucos elementos que o identifiquem. Um par de chifrinhos, ou uma coroa na cabeça, por exemplo, não deixam claro de que época vem o candidato ou candidata a diabrices ou reinações. Um chapéu de malandro ou uma tuta de bailarina traz o mesmo problema.
E os profissionais? Bombeiros, policiais, médicos e enfermeiras, devidamente estilizados, não costuma ser reveladores de que tempo chegaram. Os animais, muito menos: gatinhas, borboletas, joaninhas, ursos, cães e tantos outros bichos raramente declaram de que ano escaparam.
Muitos estão e ficam mesmo no presente, cronistas do que anda se passando pela cidade, pelo país, pelo mundo afora.
O bom no Carnaval, este carnaval de rua que não para de crescer, é que, em geral, não há pressa, independente das origens de quem entra nesta "máquina do tempo". Vai todo mundo seguindo (ou parando), mais ou menos no mesmo ritmo, tentando sincronizar gestos e passos. A pressa às vezes costuma chegar quando de trata de sincronizar outras coisas, como beijos, abraços e assim por diante. Aí tudo se acelera, movida pela adrenalina dos combustíveis, quando estes se acumulam, muitas vezes acima do que seria razoável.
Mas é Carnaval. Este túnel do tempo em que nem sempre as coisas se explicam e quase nunca se precisa justificar. Coisa boa!