sexta-feira, 22 de junho de 2012

O FUTURO QUE QUEREMOS ESTÁ NAS MÃOS DOS INDIVÍDUOS

Na quarta feira passada, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, deu este brado de alerta, infelizmente tardio e sem consequências, aos/às chefes de Estado presentes na Rio+20. No seu discurso, lembra que "não podemos mais nos dar ao luxo de adiar decisões". Os críticos do documento final do evento, "O Futuro que queremos" questionam o processo de "delegação" que de certa forma os governos estão implicitamente fazendo, ao se omitirem,  às empresas e corporações, para "tocar" a propalada Economia Verde. 

Coincidentemente, nestas últimas semanas, tenho feita uma "limpa" em documentos aqui de casa e encontrei, nos meus "velhos" arquivos, pastas com recortes de jornais e revistas desde o finalzinho dos anos 90, quando comecei a me aproximar do tema da então "responsabilidade social empresarial". O que me chamou a atenção, ao rever as matérias (e a publicidade de certas empresas) é que o discurso corporativo não mudou muito, recheado de promessas e de ufanismo por suas realizações, ainda que por vezes modestas, se olhadas com mais atenção. Vejo hoje muito daquelas mesmas abordagens presentes em declarações e iniciativas de comunicação.

Não defendo aqui, de forma alguma, que avanços não tenham se dado, particularmente nesses últimos dez anos, na agora chamada sustentabilidade corporativa. Seja por ações espontâneas das empresas, seja como resposta a indutores de mercado (como o índice ISE do Bovespa), seja como reação às demandas das sociedade civil, muito tem sido feito.
A questão que se coloca aqui é justamente a de tempo. Porque os processos da iniciativa privada, em geral, têm maturação mais lenta e estão sujeitas a postergações em função dos resultados de curto prazo. As empresas, em geral, não têm pressa nessas questões, a não ser que algum fator externo defina prazos e limites: políticas públicas, por exemplo.
O senso de urgência, este parece muito mais à flor da pele justamente nas organizações da sociedade civil e em muitos movimentos populares que estão nascendo a cada dia. Ou seja, nos indivíduos que se organizam. Neles está depositada a esperança de alavancagem "imediata" de políticas públicas / marcos regulatórios e nas mudanças em ritmos bem mais velozes (nada menos do que 705 compromissos voluntários foram firmados durante a Rio+20, nas agendas não governamentais).

No livro "Tempo Orgânico", o foco é justamente no tempo das pessoas. Pessoas como eu e você, que "não têm tempo pra nada", mas sabem que precisam fazer alguma coisa, não só para tornar suas vidas melhores e menos estressadas, como para encontrar formas de contribuir para que o "Futuro que queremos" esteja cada vez mais mais abrangente e, principalmente, cada vez mais próximo.  
 
Ilustração: reprodução de parte da matéria publicada em 21/06/12, no caderno especial "Rio +20" do jornal O Globo, de autoria de Eliane Oliveira, Fernanda Gogoy e Liana Mel. Foto de Nacho Doce/Reuters. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário