quarta-feira, 30 de novembro de 2011

O tempo que a beleza nos toma

Não tem jeito. Nesse mundinho apressado, estressado e poluído, a gente não pode deixar de se cuidar. Com um agravante: ninguém quer parecer que está envelhecendo. Por dentro e por fora. O problema é que cuidar da nossa saúde e da nossa aparência exige atenção e, principalmente, tempo.


Investimos em tênis, uniformes, academias, exercícios, estúdios de pilates e de ioga, apostando na silhueta e no bem estar. E quem não está matriculado, está por fazê-lo “amanhã”, meio “em culpa”. Quantas horas por semana, mesmo? No caso das mulheres – e do crescente contingente de metrosexuais - o tempo para esses cuidados se amplia. Há desde os salões de cabeleireiros, dermatologistas e centros de estética até o dia-a- dia no chuveiro e nos intermináveis “retoques” em frente ao espelho. Quantos minutos por dia, mesmo?

A cada dia, um novo produto “milagroso” tem surgido para tentar corrigir ou mascarar as mínimas imperfeições, para valorizar os menores detalhes, para retardar os inevitáveis processos de desgastes. Mas nem tudo que “reluz é ouro” e muitas das promessas não se cumprem. E o que é pior, muitas das substâncias químicas que compõem essas fórmulas mágicas são nocivas á nossa saúde, especialmente quando se acumulam em nossos organismos.

Produtos orgânicos e naturais têm surgido como resposta a estes dilemas, se apresentando como escolhas que permitem atender aos dois lados da questão –beleza e saúde - quase sempre tomando partido da riqueza da biodiversidade do Brasil. Parece fazer sentido adotá-los, simplificando nossas decisões e deixando de desperdiçar tempo com as eventuais conseqüências de escolhas erradas.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Consumir consome tempo. Já pensou nisso?


Nem sempre nos damos conta disso, mas consumir pode representar uma parcela relevante do nosso já minguado tempo.

Há o tempo para ir e vir à loja, shopping ou supermercado (se não for compra on line); os tempos de escolha (que podem ser longos, se o item a comprar for caro ou complexo); os tempos nas filas para pagar; o tempo para reclamar (nem sempre as coisas saem como a gente espera); o tempo para aprender a usar (se houver nova tecnologia, como um novo smartphone, pode levá-lo(a) á “loucura); o tempo para manutenção e limpeza; o tempo para o descarte, quando não queremos mais “a coisa” (alguns objetos têm o descarte correto difícil, às vezes até problemático; mesmo uma doação acaba levando tempo).

Isto sem falar que muitos objetos que fizemos entrar em nossas vidas acabam esquecidos: livros que não foram lidos até o fim, CDs ouvidos apenas um par de vezes, fotos e gravações em vídeo que jamais foram repassadas, eletrodomésticos que passaram a não fazer sentido quando chegaram em casa; roupas e sapatos comprados na liquidação porque estavam “muito baratos” que ficaram esquecidos em algum canto do armário. Ou seja, gastamos “horas” para literalmente nada.

Fonte da foto: http://sacoladamoda.blogspot.com/2011/04/dicas-sites-para-comprar-pela-internet.html

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Corrupção rouba também...nosso tempo!

A corrupção assumiu um caráter endêmico, cultural, insidioso e corrosivo. Está infiltrada em muitos segmentos da sociedade, especialmente na interface com o poder público, embora esteja também presente em muitos ambientes estritamente empresariais. Tem horas que dá desânimo combatê-la. Mas a gente não pode esmorecer, mesmo sabendo que a luta ficou difícil, muito difícil. Vou trazer aqui um argumento a mais para reagirmos.

A gente fica sempre se perguntando como estaria a riqueza do país se todo o dinheiro da corrupção, das propinas, dos superfaturamentos, fosse usado como bem público.

Mas há um outro tipo de recurso de que nem sempre nos lembramos e que vai para o ralo diariamente: o tempo. O tempo das pessoas envolvidas nos processos gerados para dar uma “fachada” de seriedade a negócios escusos.

Vou dar um exemplo. Muitas vezes a corrupção opera com as cartas marcadas “abertamente”. Ou seja, a empresa – ou pessoa - favorecida está claramente identificada e processos licitatórios, neste caso, são apenas rituais em que todos os envolvidos encenam um simulacro de procedimento, um teatrinho para “cumprir tabela”. Mesmo assim, muita gente é envolvida nesta farsa. As propostas técnicas e comerciais que são desenvolvidas são fadadas à figuração, desde sua origem, mas envolvem equipes quase sempre competentes, usando horas e horas de seu tempo - e de sua qualificação e experiência - para que tudo aquilo vá para o lixo. Quanto mais complexo o projeto (e mais recursos sendo “disputados” como nas grandes obras, serviços de comunicação, grandes fornecimentos, etc), mais horas no lixo. Um desperdício de dar dó.

Outra situação igualmente grave: o processo não tem um dono, à priori (ou a tal "governabilidade" ainda não o loteou). Há de fato uma disputa, nos bastidores, mas entre políticos – e partidos - das mais diferentes laias e matizes, para ver quem tem maior poder de barganha junto às “instancias superiores”, de modo que seu “protegido” consiga vencer. Ou seja, nada do que está sendo gerado com afinco, nas propostas e projetos, terá a menor relevância. Com um agravante: a qualidade do que é apresentado pelas partes conferirá uma certa aura de respeitabilidade aos malfeitos de “loteamento” ou de disputa de forças políticas (e eventualmente aumentará a tarifa dos “flanelinhas” que virão cobrar a sua parte - em espécie).

Já imaginou se, a exemplo do dinheiro desviado, todas essas horas fossem de fato produtivas, gerassem riqueza, agregassem algum valor ao PIB ou ao FIB (Felicidade Interna Bruta)?

Portanto, não se omita, denuncie, grite, aponte, vaie, poste nas redes, replique, ensine: e não seja conivente.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Ser ou não ser pontual? Eis a questão.


Nós, brasileiros, temos fama de não sermos pontuais. Que isto é uma questão cultural, e coisa e tal.

Também pudera. Crescemos vendo as festas nas nossas casas nunca começando na hora (e também sem hora de acabar, diga-se de passagem); desde cedo, nos acostumamos a esperar horas seguidas numa sala de espera desconfortável, para sermos atendidos pelo médico sempre atrasado (apesar da consulta marcada); nos conformamos com falta de pontualidade dos vôos, dos trens e dos ônibus. Não estranhamos que nossos pais e seus amigos nunca chegassem na hora que combinaram para se encontrar: alguém sempre tinha de esperar pelo outro. E nem reparamos quando a novela das oito passa a começar às oito e meia, às nove, ou quando for conveniente para a Rede Globo (todo mundo vai ver assim mesmo...).

Muitos de nós achamos este um traço meio folclórico, mas positivo, da nossa gente. Aí, de repente, começamos a trabalhar, e com a maior naturalidade, acreditamos que é natural se chegar na reunião uns minutinhos depois (até por que talvez ela nunca comece mesmo quando agendada); que o cliente pode esperar um pouco na linha e por aí vai.

Enquanto isso, leio que, no Japão, se um trem chega atrasado, são emitidos comprovantes para quem quiser justificar seu atraso no trabalho ou em algum outro compromisso. Lá, a tolerância com este tipo de acontecimento é pequena. A expectativa é que os serviços, as reuniões, as tarefas, as atividades sigam os horários programados.

Em vários países da Europa e mesmo nos EUA, há quem acerte seu relógio pela chegada do trem à estação ou do ônibus ao ponto.

Agora que este nosso “gigante está despertando” – finalmente- fica a dúvida sobre nosso futuro como povo que se atrasa. Será que vamos mudar, nesse mundo cada vez mais globalizado? Ou será que vamos aprender com a natureza, com seus nasceres e pores do sol exatos, com suas marés cheias e baixas nas horas previstas, e tantos outros exemplos.

E você? Como é que se vê nessa questão? Qual dos perfis abaixo é o seu?

- Sou pontual. É muito difícil me atrasar, pois procuro chegar sempre com boa folga aos compromissos.
- Acho uma perda de tempo ficar esperando pelo início de um compromisso. Me programo para chegar exatamente na hora marcada, ainda que corra o risco de pequenos atrasos.
- Não me preocupo muito com horários pois raramente as coisas começam no horário, mesmo. Prefiro deixar os outros esperando do que o contrário.
- Acho um charme chegar atrasado. Quem me conhece sabe disso e respeita. Procuro contar sempre uma história divertida para me justificar.

Fonte da Ilustração http://www.dementia.pt/a-prenda-ideal-para-um-atrasado/

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

The Present – O relógio anual

Está tudo passando tão rápido que parece impossível fazer um acompanhamento do que está acontecendo em volta da gente.

Às vezes a gente nem consegue curtir as coisas na hora, só se dá conta de como foi legal algo que aconteceu conosco, algumas semanas depois. Ou seja: muitas vezes não conseguimos perceber como a vida é boa no momento em que ela ocorre e sim algum tempo depois - às vezes, meses depois - num momento mais tranqüilo, lembrando do que ocorreu com certa nostalgia de ter deixado aquele instante passar sem curti-lo na sua plenitude.

Como é que podemos viver o momento se este muda com tanta rapidez a cada instante?

Pensando neste aspecto frustrante da aceleração das nossas vidas, o designer norte americano Scott Thriftx criou o “The present”, um relógio analógico que, em vez de 12 horas (ou uma hora ou 1 minuto) para completar o ciclo, seu único ponteiro percorre o círculo em ...1 ano. O mostrador indica a passagem das estações, indo do branco azulado do inverno ao verde da primavera ao amarelo do verão ao vermelho do outono.

O objetivo de Thriftx com seu novo produto é permitir uma maior consciência sobre o agora, deixando de lado as pressões do cotidiano, dentro de uma perspectiva de tempo de prazo mais longo.

É o uso de uma nova escala pra se olhar o tempo, já que os dias, as semanas e até os meses passam tão rápido.

Thriftx diz que The Present é inspirado por – e um perfeito presente para músicos, escritores, pensadores, amantes, grávidas, gente de bem com vida, artistas, filósofos, construtores, estrategistas, professores, visionários, lideres que pensam a longo prazo, hemisférios cerebrais direitos - e esquerdos que queiram mudar- ou qualquer pessoa que simplesmente queira ser o dono do seu “hoje”.

Para saber mais detalhes do projeto (e como adquirir o The Present) clique aqui.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

E agora? Onde vou enfiar o que comprei?


Uma das lojas que mais gosto de visitar quando viajo aos EUA é a The Container Store (http://www.containerstore.com). É fascinante a diversidade e a criatividade de produtos para se organizar tudo dentro de uma casa: do banheiro à garagem, da cozinha ao quarto, do home office à área de serviço. Sempre me surpreendo com as novidades sobre como podemos melhor estocar e organizar as coisas que vamos acumulando ao longo do tempo.

Não é para menos. Não paramos de consumir, seduzidos pelas novidades: livros, calçados, utensílios de cozinha, roupas, tecnologias digitais, material esportivo, acessórios de moda... A lista é infinita. De vez em quando nos assustamos com as horas que estamos gastando para tentar manter a casa (ou escritório) arrumado, em meio a coisas que se avolumam fora de lugar. Há de fato uma relação muito íntima entre desorganização - pessoal e dos espaços à nossa volta - e a improdutividade.

Aí, saímos atrás de soluções. Pode ser a simples compra de um armário extra, ou umas caixas para acomodar melhor itens que estejam “sobrando; pode ser uma decisão mais radical, contratado uma das tantas lojas especializadas em cozinhas, banheiros e armários planejados; ou, se você é de fato uma pessoa MUITO ocupada (ou MUITO desorganizada) pode ser a contratação de um(a) personal organizer para lhe assessorar.

A exemplo da Container Store, são novas oportunidades de negócios para ajudar a conciliar duas questões conflitantes e paradoxais: os espaços cada vez mais exíguos das moradias nos grandes centros urbanos e nosso apetite por consumir, por comprar sem parar, indiferentes aos impactos que essas compras podem estar trazendo para a sociedade . Quem sabe vale a pena pensar na pergunta que dá título a este texto, toda vez que alguma tentação de compras “duvidosas” nos assalte.

Dois exemplos interessantes da Container Store: Sapatos http://www.containerstore.com/shop/dorm/closet/shoeStorage Lixo e reciclagem: http://www.containerstore.com/shop/trashRecycling

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sinal de Paulinho da Viola continua fechado



Acho que pouca gente vai lembrar disso. Paulinho da Viola ganhou o Festival da Record de 1969 (42 anos atrás!!) não com um de seus sambas antológicos, mas com esta canção. Que, por sinal, poderia ter sido composta hoje. Não mudou nada. Ou melhor, mudou: pra pior.

SINAL FECHADO
Olá, como vai?
Eu vou indo, e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo, correndo
Pegar meu lugar no futuro , e você?
Tudo bem, eu vou indo, em busca
De um sono tranquilo, quem sabe?
Quanto tempo pois é, quanto tempo
Me perdoe a pressa
É a alma dos nosso negócios
Qual, não tem de quê, eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana,prometo, talvez nos vejamos
Quem sabe?
Quanto tempo, pois é quanto tempo
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone
Eu preciso beber alguma coisa rapidamente
Pra semana O sinal
Eu procuro você
Vai abrir, vai abrir!
Prometo, não esqueço
Por favor, não esqueça
Não esqueça, não esqueça , não esqueça

Aqui você pode ver ou rever três momentos, todos emocionantes:

Paulinho cantando a música, já vitorioso, no Festival em 1969. Clique aqui. 

A versão de Elis Regina, em 1978. Clique aqui. 

E Paulinho de 2009, no Acústico MTV. Clique aqui.




quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Ecologia do tempo?


Todo mundo está aí falando de meio ambiente, de recursos naturais não-renováveis e dessas outras pequenas e grandes questões que tem inquietado a humanidade ultimamente. Mas praticamente ninguém faz menção ao único recurso não renovável, não reciclável e não estocável do planeta. Um recurso que vem se tornando escasso para a grande maioria das pessoas, nesse mundo acelerado e em permanente transformação. Servan-Schreiber* foi um dos poucos que vi tratando disso: “Esse grito de alerta em favor da natureza, lançado pelos ecologistas (cuja batalha, aliás, ainda está longe da vitória), deveria repercutir em cada um de nós, no que diz respeito ao nosso próprio tempo.”

Mas não. A vida moderna continua sua marcha irrefletida e torna o tempo um recurso cada vez mais crítico, medido em frações de segundo. Quase todos têm procurado acelerar suas vidas, como se isso fosse possível de ser feito indefinidamente.

Não faltam razões para que o tempo mereça, também, os mesmo cuidados que temos com tantos outros recursos naturais ameaçados. O respeito por um bem escasso como o nosso tempo - e a nossa vida - e cuidado com o tempo e a vida dos outros são atitudes de essência muito semelhante ao respeito que devemos à natureza.

Este respeito começa pelo respeito ao nosso próprio tempo, é claro. Mas passa também pelas “infinita” rede de interações com outras pessoas, em que somos ora vítimas, ora vilões de atitudes desrespeitosas e anti-ecológicas com relação ao tempo.

Salve o Planeta e viva (bem) o seu tempo!

* Jean-Louis Sevan-Schreiber em "A Arte do Tempo"

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Iroko, o Orixá do Tempo

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os restantes Orixás desceram à Terra. Representa, assim, a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás.

Iroko vive na mais suntuosa árvore que há numa roça de candomblé e também nas matas. Desrespeitar Iroko, a grande árvore, é desrespeitar sua dinastia, seus avós, seu sangue...

Iroko é a própria representação da dimensão Tempo. Toda a criação está nos seus desígnios. E é ele que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.
Corresponde a entidades cultuadas em diversas civilizações. Enki, o Leão Alado na Mesopotâmia e Babilónia; Anúbis, o deus Chacal, no Egipto; Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade. Fontes/referências: http://www.orixas.com.br e http://ocandomble.files.wordpress.com
Fonte da ilustração: http://ryanagabecholiveira.blogspot.com/2010/05/iroko.html

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quando você precisa de ajuda, prefere pedir a pessoas bastante ocupadas?

Nunca tinha acontecido antes, comigo. Ao menos não me lembro. De modo que acho tudo muito estranho e estou com dificuldades de lidar com o assunto. Há algumas semanas, tendo contatar sem sucesso um parceiro de negócios para esclarecer uma questão muito relevante e de grande interesse para minhas tarefas e meus resultados. Com se trata de uma pessoa em posição elevada, na organização parceira, todos os seus subordinados que estão envolvidos no projeto apontam para a necessidade de uma consulta direta a ela. Sei que ela é ocupadíssima, mesmo. Até por conta de sucessivas reorganizações que têm ocorrido na sua empresa, em que seu papel se tornou ainda mais crítico e mais essencial.

Mas são semanas, quase dois meses, em que não obtenho resposta de e-mails e os recados telefônicos não são respondidos, que agora já estão entrando até no terreno da descortesia, da falta de respeito no trato de um assunto importante.

Aí, esses dias, pela “milésima” vez, ouço alguém comentar que quando tem que pedir ajuda, prefere fazê-lo a uma pessoa realmente bastante ocupada. E justifica: são as mais eficazes e realizadoras e vão acabar encontrando um jeito de ajudar. O exemplo que acabo de contar contraria totalmente esta lógica. Decidi, então, fazer esta pequena pesquisa aí ao lado, para saber a opinião dos visitantes e leitores do blog. Participe!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Você trabalha melhor sob pressão do tempo?


Tem muita gente que diz que sim. Uns, até com certa convicção, confessando que nem conseguem trabalhar de outro jeito: têm que sentir uma “cafungada forte no cangote” para conseguir fazer as coisas.

O pessoal que faz trabalho eminentemente criativo tem uma explicação para o fato de gostarem de ter prazos razoáveis para realizar certos tipos de tarefas (que implicam na combinação de conceito e execução, por exemplo), ainda que só se debrucem sobre elas nos últimos momentos. A cenógrafa Lia Renha comentou, certa vez: “A criatividade não tem um tempo cronológico, não tem um tempo definido”. Miguel Paiva, cartunista e artista muiti-midia, acrescenta: “Mesmo que você só trabalhe no último dia, é importante o intervalo para ir se familiarizando com a idéia, ir criando”. E Lia arremata: “Em dez minutos fiz o desenho. A idéia estava ruminando na minha cabeça há dias. Já estava pronta e eu nem sabia até sentar e desenhá-la.“

Mas será que isto se aplica a qualquer situação, seja profissional, seja doméstica, seja pessoal?

Eu, pessoalmente, acho que isto não faz o menor sentido. Em geral, as pessoas que gostam de trabalhar sob pressão não tem seus grandes objetivos bem definidos e acabam sendo pautadas pelos objetivos dos outros. Em muitos casos, empurram com a barriga até a situação se complicar e virar uma crise, até a temperatura subir e virar incêndio. Assim, tudo vira urgente, urgentiíssimo, e ele(a) apareça como o bombeiro chefe, salvador(a) da pátria, “o(a) cara”, o(a) que resolve esses grandes pepinos fabricados por ele(a) mesmo(a), mesmo que isso custe, em geral, muito mais tempo – e energia - para a tarefa ser feita.

Nestes casos, o que fica é o stress, a improdutividade, o desgaste; e a sensação de falta de tempo, sempre uma desculpa e, principalmente, um ótimo bordão.