terça-feira, 8 de novembro de 2011

Corrupção rouba também...nosso tempo!

A corrupção assumiu um caráter endêmico, cultural, insidioso e corrosivo. Está infiltrada em muitos segmentos da sociedade, especialmente na interface com o poder público, embora esteja também presente em muitos ambientes estritamente empresariais. Tem horas que dá desânimo combatê-la. Mas a gente não pode esmorecer, mesmo sabendo que a luta ficou difícil, muito difícil. Vou trazer aqui um argumento a mais para reagirmos.

A gente fica sempre se perguntando como estaria a riqueza do país se todo o dinheiro da corrupção, das propinas, dos superfaturamentos, fosse usado como bem público.

Mas há um outro tipo de recurso de que nem sempre nos lembramos e que vai para o ralo diariamente: o tempo. O tempo das pessoas envolvidas nos processos gerados para dar uma “fachada” de seriedade a negócios escusos.

Vou dar um exemplo. Muitas vezes a corrupção opera com as cartas marcadas “abertamente”. Ou seja, a empresa – ou pessoa - favorecida está claramente identificada e processos licitatórios, neste caso, são apenas rituais em que todos os envolvidos encenam um simulacro de procedimento, um teatrinho para “cumprir tabela”. Mesmo assim, muita gente é envolvida nesta farsa. As propostas técnicas e comerciais que são desenvolvidas são fadadas à figuração, desde sua origem, mas envolvem equipes quase sempre competentes, usando horas e horas de seu tempo - e de sua qualificação e experiência - para que tudo aquilo vá para o lixo. Quanto mais complexo o projeto (e mais recursos sendo “disputados” como nas grandes obras, serviços de comunicação, grandes fornecimentos, etc), mais horas no lixo. Um desperdício de dar dó.

Outra situação igualmente grave: o processo não tem um dono, à priori (ou a tal "governabilidade" ainda não o loteou). Há de fato uma disputa, nos bastidores, mas entre políticos – e partidos - das mais diferentes laias e matizes, para ver quem tem maior poder de barganha junto às “instancias superiores”, de modo que seu “protegido” consiga vencer. Ou seja, nada do que está sendo gerado com afinco, nas propostas e projetos, terá a menor relevância. Com um agravante: a qualidade do que é apresentado pelas partes conferirá uma certa aura de respeitabilidade aos malfeitos de “loteamento” ou de disputa de forças políticas (e eventualmente aumentará a tarifa dos “flanelinhas” que virão cobrar a sua parte - em espécie).

Já imaginou se, a exemplo do dinheiro desviado, todas essas horas fossem de fato produtivas, gerassem riqueza, agregassem algum valor ao PIB ou ao FIB (Felicidade Interna Bruta)?

Portanto, não se omita, denuncie, grite, aponte, vaie, poste nas redes, replique, ensine: e não seja conivente.

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