domingo, 16 de setembro de 2012

As crises fabricadas por quem gosta de empurrar com a barriga

Tem gente que não tem jeito. Teima em ser “bombeiro” para apagar "incêndios", que ela mesmo provoca. E aí, tem a gratificação de posar de herói, de “salvador da pátria”, conseguindo “olimpicamente” resolver complexas e urgente situações que haviam sido geradas pelo próprio comportamento de procastinador e mau planejador do tempo. Muitos trabalham no modo "combate a incêndio" convencidos de que a adrenalina tem de estar presente.

O procastinador bombeiro usa muitos subterfúgios. Um dos favoritos é o comando de “seja perfeito”. Como tem de fazer tudo de forma irrempreesível, vai esperando o bloco de tempo suficientemente grande para agir de acordo com a necessária perfeição. Como este bloco nunca aparece, ele acaba empurrando com a barriga e tudo desemboca num monumental problema que toma indevidamente o tempo de muita gente .

E, em meio à crise obtém sempre muita atenção para o que fazem. Ficando no centro do palco, sob as luzes coloridas dos refletores, essas pessoas se sentem importantes . É gente que muitas vezes chega cedo e sai tarde do escritório, ou são donas de casa que se “descabelam” e se estafam por deixar para última hora certas atividades que poderiam ter sido feitas semanas antes. Mas assim ninguém saberia das suas façanhas e dificuldades. Há também o estudante que consegue, no último exame do ano, aquela nota difícil necessária para não repetir o ano ou ficar de recuperação. Vira herói diante dos pais e colegas.

Brook e Mullins dão uma receita interessante de como lidar com estes geradores crônicos de crises:

1. Avalie direito - já que as crises são fabricadas, sua importância e urgência provavelmente são menores do que o gerador de crises nos teria feito acreditar. Não se deixe levar pelas evidências. Todo cuidado é pouco.
2. As emoções do incêndio não são as suas - portanto você não precisa compartilhá-las como o gerador. A crise e o prazer de se envolver nelas pertence a ele.
3. Leve em conta a hipótese da existência de crises fabricadas - se você trabalha ou vive com uma pessoa dessas, faça seus planos assumindo que os incêndios virão e preveja o que você pode fazer para antecipar-se a eles e minimizar seus efeitos .
4. O combate a incêndios fabricados é uma forma dispendiosa (em termos de tempo, recursos e desgastes emocionais) e portanto não recompense este comportamento com qualquer gratificação objetiva ou subjetiva. Mostre os outros aspectos vantajosos de não se viver em crises.

E se o gerador de incêndios for você? Aí a coisa muda de figura. É preciso se conscientizar de alguns pontos importantes :
- Sua reputação por ser organizado e competente lhe trará maior confiabilidade do que insistir em ser herói o tempo todo. As pessoas acabam desconfiando desse comportamento e se cansam de gastar sua adrenalina.
- As crises constantes caem na paisagem. As pessoas aprendem a não dar destaque ou atenção a elas. Se pedir ajuda com menos frequência terá muito mais apoio quando o precisar, numa situação de incêndio verdadeiro.
- As crises fazem mal à saúde- seu físico e seu emocional são abalados por excessiva exposição ao stress e à tensão.
- Procure outro tipo de gratificação pessoal - amplie seus hobbies, seus contatos externos. Concentre-se nos seus objetivos maiores na vida os encare como a maior das gratificações quando alcançada.

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